Cotidiano
Janaina Santana
Antologia - Sarau dos Mesquiteiros
"Pode pá que é nóis que tá"
Conforto
ao dormir.
Tranquilidade
no pensar.
Em
pensar que os dias estão tão tensos.
As
primaveras, as pragas.
As
lutas, as garras.
A
vida conturbada, o cotidiano.
A
desigualdade desmascarada.
Que
nos cobra atitudes e questiona virtudes.
O
noticiário, a violência, a falta de crença.
Caminhar
pelos becos e vielas,
A
tensão a vera.
Relembro
histórias e vivências... Violências.
Meu
povo guerreando entre si.
Sobrevivência?
Delinquência?
Ações
questionáveis ou facilmente explicáveis?
No
fim do dia é bom saber que conto com tua proteção,
Tua
palavra, tua mão,
Cumplicidade,
carinho, afeição.
Tento
aproveitar o que a vida nos dá de bom
Amigos,
família, coração, paixão.
Me
alimento com teu sorriso, teus olhos, nossos sonhos.
Me
fortaleço e descubro motivos pro novo amanhecer.
Busco
crianças, sorrisos, alegrias, brincadeiras, euforia.
Sonho
com uma sociedade menos dolorida.
Penso
na vitória do povão.
Vibro
com gol do Coringão.
Quero
bons motivos para breja na laje.
Para
o bate papo com cumpadre.
Um
bom jogo mesmo que acabe em empate.
A
fé, o fute, o tambor, meu candomblé.
Sociedade
sem susto, sorriso leve e macio.
Sem
dor, com força e axé.
Com
muita poesia e muito samba no pé.